terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Se eram sete e meia, eu ainda tinha tempo de sobra para fazer a janta, comer, tomar banho e sair, porque havia combinado com Lisa que nos encontrássemos às onze horas em frente a estação - para que depois fôssemos a algum lugar para bebermos e conversarmos -, calculando que, do apartamento à estação o tempo tomado era de cerca de cinqüenta minutos, sendo assim, calmamente apanhei os tomates, lavei-os e, de maneira que considero bastante metódica, piquei-os em cubos mais ou menos de dois por dois centímetros; já as cebolas: fi-las em pedaços bem pequenos, porque pensei que seria bom se dissolvessem, dando apenas sabor ao caldo. No caso das cenouras, pensei em rodelas bem finas, mas depois que as tinha desta forma, considerei que fazê-las em pedaços ainda menores seria mais adequado, porque eu não era tão fã assim de cenouras; o contrário do que acontecia em relação às batatas, essas sim eu preferia saborear enquanto as mastigava, bem como a carne, porém neste caso a decisão mais acertada foi deixar em pequenas fatias, para facilitar o cozimento e a degustação. O próximo passo foi fritar em azeite o alho com uma parcela da cebola, enquanto eu esquentava a água que depois derramei sobre a tal fritada, acrescentando, na seqüência, a ervilha e o milho, os quais tive de aguardar que cozinhassem um tanto, para, finalmente, despejar todos os legumes e a carne, que deixei fritando no durante entre o corte dos legumes e o cozimento da ervilha e do milho. Atentei-me ao fato de que esta tarefa vinha me tomando muito tempo, eu teria de me apressar. Logo depois pensei que seria providencial também degustar alguma bebida, e encontrei um vinho de qualidade duvidosa no armário, se não me engano, de quando Virginia viera para cá - trouxera-o à tiracolo, mas, reconhecendo a precariedade da bebida, preferiu esperar as cervejas que viriam trazidas pelas outras pessoas. O passo seguinte foi ajeitar a mesa, calmamente, e, sim, um tanto de pressa se fazia necessária, afinal, depois de tanto tempo, Lisa por fim havia aceitado meu convite para que saíssemos apenas os dois, porque eu realmente já há muito almejava me aproximar dela, pensava - sonhava -, ingenuamente, em Lisa como minha futura companheira, repleto de uma paixão quase pesarosa, e, então, sim, Lisa finalmente também me queria, eu não poderia me permitir frustrá-la! Enquanto o caldo cozinhava, fui ao meu quarto para escolher qual seria o traje mais adequado para aquela noite, e dei com meu quarda roupa em total confusão, por isso tive de ajeitar as roupas e, enquanto me envolvia neste fazer, logo deparei-me com o estado de miséria dos tapetes, tamanha a poeira instada por todos os cantos, então por que eu não varria meu quarto, o apartamento? E topei com um sujeira horrível na janela do quarto, e com um maldito lodo encrustado entre os azulejos do banheiro e com uma lâmpada que há muito eu precisava repôr, e o caldo ficou pronto e o tirei do fogo, mas logo lembrei que a manta sobre o sofá se encontrava uma imundície só e aquilo não era certo, bem como a permanência de tralhas sobre o móvel da sala e me movimentei por todo o apartamento, fazendo o que era preciso, e depois de um banho bem tomado para limpar as unhas das mãos e a sujeira dos cabelos, faltavam três minutos para as onze horas e eu ainda não havia comido e o caldo cheirava soberbamente, sentei-me à mesa, olhei para a parede, para a toalha nova, permaneci alguns minutos ali, me levantei, joguei o caldo no lixo, tirei a roupa enquanto andava pela casa, entrei, só de cuecas, no meu quarto, apaguei a luz, deitei-me na minha cama e tentei dormir.

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