sábado, 9 de maio de 2009

MIREILLE, Jean, Dos desvios e dos vestígios, cap V, pag 87.

[...]Talvez se trate apenas de perscrutar essa estética, já provavelmente tão disseminada, mas, pelo que percebo, nem sempre reconhecida. Porque o Rei caiu, mas, sabe-se lá, talvez ele nunca tenha tido tanta força. O Rei está morto! Viva o Rei! Recordo-me de uma experiência simples - e, sim, pouco original - na Universidade de Pietre Mont, em que alunos de música tinham a tarefa de criar uma paródia. Deram início pesquisando a obra de um compositor respeitadíssimo da Renascença - o sonho clássico costumeiramente batendo à porta - e se puseram a pensar como aquilo se daria. Começaram por reproduzir temas cruzados desse compositor, o que já causava um certo distanciamento. Alguns ajustes adiante e aquilo tudo já me parecia bastante selvagem. Uma semana depois, chegaram com um arranjo bastante esquisito, ora melodramático, ora jocoso, e, ouvir aqueles temas daquela forma dava uma grata sensação de estranhamento. Mas, o melhor veio apenas uns quinze dias depois, outro grupo de estudantes fez não a paródia do trabalho do tal compositor, mas uma paródia já da resultado da pesquisa do primeiro grupo de parodiadores e, acredite, aquilo soava ainda mais interessante.[...]

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